Uma homenagem às mulheres do mundo dos games


  O dia oito de março ficou marcado como um símbolo da luta pela igualdade entre gêneros. Apesar de inúmeros progressos no último século, o machismo continua forte e presente no nosso cotidiano e os videogames são certamente um dos campos culturais mais afetados por essa mentalidade. Vamos relembrar alguns dos bons e maus exemplos de jogos que retraram personagens femininos. Confira:


Samus, quebrando estereótipos desde 1986 (Foto: Divulgação)

Até hoje, contamos nas mãos as protagonistas bem construídas do sexo feminino que aparecem nos games. Apesar disso, elas involuntariamente acabam sendo fetichizadas para que seus jogos sejam vendidos ao público masculino. De Lara Croft à Samus Aran, mesmo as mais importantes personagens mulheres já passaram por seus momentos de mulher-objeto.

Peach, a donzela indefesa (Foto: Divulgação)

O papel das mulheres, muitas vezes associado ao da donzela em perigo, tem uma origem ligada diretamente ao Pai dos videogames, Shigeru Miyamoto, em seu clássico dos arcades Donkey Kong. Inspirado em animações como Popeye e na obra prima de Hollywood, King Kong, o jogo trazia um gorila gigante que havia raptado a jovem Pauline para o topo de um edifício, onde ela esperava ser salva pelo estreante Mario (ainda chamado de Jumpman).
A partir daí, mesmo mudando de princesa, a ideia de uma donzela em perigo continuou firme e forte no mundo dos games: Peach, Zelda, Marian, Prin Prin e inúmeras outras que acabaram por consolidar uma fórmula que vemos até hoje.
Conforme os gráficos foram se tornando melhores, também fomos forçados a lidar cada vez mais com a presença do sexismo nos jogos, desde as dezenas de imagens promocionais de Lara Croft de biquíni, até o visual desproporcional das lutadoras de Soul Calibur. Isso obviamente é o resultado de uma indústria que tem o público masculino como alvo e sabe que é mais fácil explorar esse tipo de estereótipo do que criar personagens completos e verdadeiros para o elenco de seus jogos.

Ivy, um exemplo do que não se fazer com uma personagem feminina (Foto: Divulgação)

É claro que a exibição do corpo e a sensualidade não representa necessariamente algo ruim e existem personagens sexualmente apelativas que são extremamente interessantes, como o exemplo recente de Bayonetta e até mesmo a Lara Croft. O que importa realmente é que sua personalidade e função estejam em um nível que vai além do corpo escultural, além do objeto.
Por muito tempo, e ainda hoje, boa parte das empresas parece perfeitamente satisfeita em saciar apenas esta parte apelativa do mercado, contribuindo enormemente para a estagnação dos games como forma de arte e de expressão narrativa.

A nova Lara Croft, mais humanizada e forte (Foto: Divulgação)

Felizmente, desde o início existem muitas pessoas insatisfeitas com esta situação e que lutam para reverter este quadro. Mesmo a Nintendo, responsável pelas donzelas em perigo, tem feito muito para mudar esta tendência, lançando consoles que são voltados para todo tipo de mercado e efetivamente popularizando os videogames entre grupos que antes não ligavam para o assunto. Tanto o Nintendo Wii, quanto o Nitendo DS (vale dizer o videogame mais vendido da história ao lado do PS2) foram cruciais na busca por um novo público, resultando em uma geração de garotas que cresceram com um controle nas mãos.

Um novo público alvo nas propagandas da Nintendo (Foto: Divulgação)

A empresa japonesa não consegue ganhar todas, e ainda hoje a Peach continua sendo um objeto que é batalhado por Mario e Bowser. O mesmo não pode ser dito sobre Zelda, que desde 96 tem alcançado papeis cada vez mais ativos na franquia, tornando-se uma heroína ao lado de Link. E mesmo no mundo de Mario temos novas personagens a exemplo de Rosalina, retratada como a mãe de todo o universo onde ele vive.
Outra empresa empenhada em fugir do esteriótipo de jogos machistas é a Square Enix, com RPGs que desde a década de 80 mostram representações diversas e interessantes de suas personagens femininas. Para cada Aerith de Final Fantasy VII, um pouco mais fragilizada, existem dezenas de Aylas, a chefe da tribo de Neandertais em Chrono Trigger. Este último jogo, sem dúvidas um grande marco do Super Nintendo, apresenta três personagens femininas jogáveis, completamente distintas, carismáticas e interessantes.

Ayla, Marle e Lucca, três incríveis personalidades femininas (Foto: Divulgação)

Outra empresa que merece menção por lutar por um universo mais diversificado e equilibrado é a Bioware, com seus RPGs voltados para todo tipo de público: Star Wars, Mass Effect ou Dragon Age. Você sempre poderá jogar com uma personagem feminina e, melhor ainda, contar com um elenco de apoio de mulheres diversificadas e fantásticas, de Morrigan a Tali’Zorah, da sensual Isabela até a tímida Merill. Outro marco que, apesar de tardio, deve ser considerado um avanço importante é que depois de dois jogos, finalmente a versão feminina de Shepard foi destaque na capa de Mass Effect 3.

A nova cara de Mass Effect 3 (Foto: Divulgação)

O fato é que a luta é árdua e, apesar de muito já ter sido conquistado, ainda resta um caminho igualmente longo até alcançarmos a igualdade entre os sexos. Esperamos que com os poucos passos que já foram dados as desenvolvedoras comecem a empregar mais mulheres e dessa forma abram caminho para mais jogos criados com elas como público alvo, resultando assim em uma indústria mais diversa e melhor. Feliz dia oito de março para todos e para todas.

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